Postado por Dra. Paula Vieira
A transferência de embriões é um dos momentos mais esperados no tratamento de fertilização in vitro (FIV). Depois de tantos exames, estímulos e etapas laboratoriais, finalmente chega a hora de o embrião ser depositado no útero um passo delicado, planejado e cheio de emoção.
No entanto, há duas formas principais de preparar o corpo para essa etapa: o ciclo natural e o ciclo estimulado (ou programado). Embora ambos tenham o mesmo objetivooferecer o ambiente ideal para o embrião se implantar, eles funcionam de maneiras diferentes e são indicados para perfis distintos de pacientes. Entender essas diferenças é fundamental para que cada mulher se sinta segura e confiante no processo.
A transferência embrionária consiste em colocar o embrião desenvolvido no laboratório dentro da cavidade uterina, no momento em que o endométrio (a camada interna do útero) está receptivo. Esse sincronismo é essencial, pois a implantação só ocorre quando há harmonia entre o estágio do embrião e o preparo endometrial.
O procedimento é simples, indolor e feito com o auxílio da ultrassonografia. É uma etapa de curta duração, mas de grande significado emocional e, por isso, cada detalhe técnico e humano conta muito.
No ciclo natural, o corpo da mulher faz todo o trabalho de forma espontânea. A ovulação acontece naturalmente, sem necessidade de medicamentos para controle hormonal. Durante o ciclo, monitoro o crescimento do folículo e o espessamento do endométrio por ultrassonografias seriadas e exames hormonais. Quando a ovulação é confirmada, marcamos a transferência do embrião de acordo com o momento exato do pico de progesterona o hormônio que prepara o útero para receber o embrião.
É uma estratégia que respeita o ritmo biológico feminino, ideal para mulheres que apresentam ciclos regulares e boa ovulação.
Menor uso de medicamentos hormonais.
Abordagem mais fisiológica, semelhante ao funcionamento natural do organismo.
Menor risco de efeitos colaterais, como inchaço e sensibilidade mamária.
Requer ciclos regulares.
Pode haver cancelamento se a ovulação ocorrer antes do previsto.
O agendamento da transferência pode variar, o que exige flexibilidade da paciente e da equipe.
Em resumo, o ciclo natural é uma escolha excelente para quem deseja uma abordagem menos intervencionista, com menor carga hormonal e quando o organismo já apresenta ovulação regular.
Já no ciclo estimulado, o corpo é preparado com o uso de medicações hormonaisgeralmente estradiol e progesterona que simulam o ambiente ideal para a implantação do embrião. O ciclo é cuidadosamente programado: a ovulação natural é bloqueada e o endométrio é espessado de forma controlada, o que permite definir com precisão o momento da transferência.
Essa modalidade é amplamente utilizada, principalmente quando a paciente apresenta ciclos irregulares, falta de ovulação ou quando é preciso agendar a transferência com mais previsibilidade, como em casos de pacientes que moram fora de São Paulo ou no exterior.
Total controle do desenvolvimento do endométrio.
Permite programar a data exata da transferência.
Ideal para mulheres que não ovulam espontaneamente ou têm variações hormonais importantes.
Uso contínuo de medicamentos hormonais.
Possíveis sintomas como inchaço, retenção de líquidos ou sensibilidade mamária.
Necessidade de manter o suporte hormonal até a confirmação da gestação.
Apesar do uso de hormônios, o ciclo estimulado é extremamente seguro e eficaz, especialmente quando o preparo é individualizado.
Essa é uma das perguntas que mais recebo no consultório. A resposta é: ambos podem ter ótimos resultados, desde que sejam indicados corretamente. Estudos científicos recentes inclusive os citados em protocolos oficiais de reprodução assistida do Ministério da Saúde e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia mostram que as taxas de gravidez são semelhantes entre os dois tipos de ciclo, desde que o endométrio esteja adequadamente receptivo.
O fator determinante para o sucesso não é o tipo de ciclo em si, mas a sincronia entre o embrião e o endométrio. Ou seja, o momento certo da transferência e o equilíbrio hormonal são os elementos que realmente influenciam a taxa de implantação.
O ciclo natural é ideal para mulheres que:
Possuem ciclos menstruais regulares e ovulatórios.
Apresentam boa reserva ovariana e níveis hormonais equilibrados.
Desejam evitar o uso de hormônios sintéticos.
Buscam um processo mais fisiológico e com menos intervenções.
Além disso, pode ser uma alternativa interessante em casos de pacientes que apresentam intolerância ao estradiol ou histórico de reações adversas a medicações hormonais.
O ciclo estimulado costuma ser indicado para:
Mulheres com ciclos irregulares ou ausência de ovulação.
Pacientes com histórico de falhas em transferências anteriores.
Mulheres que precisam programar a data da transferência (por motivos pessoais, profissionais ou logísticos).
Pacientes cujo endométrio não atinge a espessura ideal apenas com o estímulo natural.
Também pode ser recomendado em casos de doenças endócrinas associadas, como hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos ou insuficiência lútea.
A decisão entre ciclo natural e estimulado é sempre individualizada. Durante a consulta, avalio cuidadosamente cada detalhe: histórico menstrual, exames hormonais, ultrassonografias, espessura endometrial e reserva ovariana. Mas não considero apenas o lado biológico também escuto as necessidades emocionais e de rotina de cada paciente. Algumas mulheres preferem evitar medicamentos; outras precisam de um protocolo que ofereça previsibilidade. O mais importante é que o tratamento se adapte à paciente, e não o contrário.
Essa personalização é um dos pilares do meu trabalho como ginecologista especializada em reprodução humana: oferecer ciência, técnica e empatia em equilíbrio.
As taxas de implantação e gravidez variam conforme a qualidade embrionária, idade da mulher e condições uterinas, e não apenas pelo tipo de ciclo. Pesquisas indicam que mulheres com menos de 35 anos podem alcançar taxas de gravidez de 40% a 50% por transferência, seja em ciclo natural ou estimulado. Acima dos 40 anos, o fator determinante passa a ser a qualidade dos óvulos e a ocorrência de aneuploidias (alterações cromossômicas), mais do que o tipo de preparo endometrial.
Por isso, o planejamento deve sempre levar em conta a idade, a reserva ovariana e o histórico de tratamentos anteriores.
Mais do que definir entre ciclo natural ou estimulado, o que realmente faz diferença é o acompanhamento próximo, atento e humano durante o tratamento. O processo de FIV é emocionalmente intenso, e cada fase traz suas expectativas e inseguranças. Meu objetivo é que cada paciente se sinta acolhida, compreendida e segura em cada decisão. Monitorar o endométrio, ajustar o suporte hormonal e escolher o melhor dia da transferência são etapas técnicas as cuidar da paciente de forma integral é o que garante tranquilidade e confiança no processo.
Sou ginecologista e especialista em Reprodução Humana, com atendimento presencial em São Paulo (SP) e por telemedicina para pacientes de outras cidades do Brasil e do exterior. Fluente em inglês e espanhol, realizo acompanhamentos individualizados, unindo alta tecnologia em reprodução assistida e uma escuta empática que respeita o tempo e as emoções de cada mulher e casal.
Se você está em fase de preparo para a transferência embrionária e deseja entender qual protocolo é mais indicado para o seu caso, agende uma consulta. Com uma avaliação personalizada e um plano de tratamento cuidadosamente planejado, é possível viver esse momento com mais serenidade e confiança.
IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.
DRA. PAULA VIEIRA
Dra. Paula Vieira é uma ginecologista especialista em fertilidade que valoriza confiança e informação. Sua abordagem leve e acolhedora transforma consultas em ambientes agradáveis.
CRM 129376-SP - RQE 69318
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