Postado por Dra. Paula Vieira
Receber o resultado de um exame mostrando baixa reserva ovariana é um dos momentos mais angustiantes para muitas mulheres. O medo de não conseguir engravidar, de “não ter mais tempo”, ou de precisar recorrer a tratamentos complexos é absolutamente compreensível. Mas quero começar este texto com uma boa notícia: ter poucos óvulos não significa o fim da fertilidade.
Com o diagnóstico correto e uma estratégia personalizada, é possível, sim, engravidar mesmo com baixa reserva ovariana. A medicina reprodutiva moderna oferece soluções eficazes e seguras e cada caso pode ter um caminho único e promissor.
Todas as mulheres nascem com uma quantidade finita de óvulos. Ao nascer, são cerca de 1 a 2 milhões; na puberdade, restam em torno de 300 a 400 mil. A cada ciclo menstrual, vários folículos são recrutados, mas apenas um amadurece e é liberado o restante se perde naturalmente. Com o passar dos anos, a reserva diminui até chegar à menopausa, quando os óvulos se esgotam completamente.
Chamamos de baixa reserva ovariana a situação em que essa quantidade reduzida de óvulos aparece antes do esperado, o que pode ocorrer por fatores genéticos, cirurgias ovarianas, endometriose, tratamentos oncológicos ou simplesmente pelo avanço natural da idade.
Os principais exames que avaliam a reserva ovariana são:
Hormônio Antimülleriano (AMH): indica a quantidade de folículos ainda ativos nos ovários.
Contagem de folículos antrais (ultrassonografia transvaginal): avalia os folículos que podem responder à estimulação.
FSH e estradiol (no 3º dia do ciclo): ajudam a analisar o funcionamento hormonal ovariano.
Resultados baixos nesses exames significam menor número de óvulos disponíveis, mas não ausência completa de fertilidade.
A idade é o fator mais importante na fertilidade feminina. A partir dos 35 anos, ocorre uma queda acentuada da reserva e da qualidade dos óvulos, e após os 40, essa redução se torna ainda mais significativa.
Isso ocorre porque, com o envelhecimento dos ovários, aumentam as chances de os óvulos apresentarem alterações genéticas (aneuploidias), o que pode dificultar a fecundação ou aumentar o risco de abortos espontâneos.
De acordo com dados clínicos e protocolos nacionais de reprodução assistida:
Mulheres com menos de 35 anos podem alcançar até 50% de taxa de gravidez por ciclo de FIV.
Entre 38 e 40 anos, a taxa média é de 20% a 25%.
Acima de 42 anos, o índice cai para cerca de 5% a 10% por ciclo.
Esses números reforçam a importância de agir precocemente e com orientação especializada.
De forma alguma. Mesmo com baixa reserva, é possível engravidar naturalmente ou com tratamento o que muda é a estratégia.
A avaliação médica é fundamental para identificar se ainda há ovulação e qual é a melhor forma de aproveitar os óvulos disponíveis. Muitas vezes, conseguimos resultados muito bons com protocolos individualizados de estimulação ovariana em fertilização in vitro (FIV). Em outros casos, indicamos alternativas como:
FIV de baixa estimulação (mild stimulation), com doses menores de hormônios.
Acúmulo de óvulos em ciclos consecutivos, para aumentar o número de embriões disponíveis.
Uso de suplementos antioxidantes e vitaminas para otimizar a qualidade ovocitária.
Cada escolha depende da idade, da resposta do organismo e dos desejos da paciente.
Nem sempre quem tem mais óvulos tem melhores chances. A qualidade dos óvulos é um fator decisivo para o sucesso da gestação. Mesmo com poucos óvulos, é possível obter embriões de excelente qualidade e gravidez saudável, especialmente quando há boa saúde geral e equilíbrio hormonal.
Para cuidar da qualidade ovocitária, algumas recomendações podem ajudar:
Evitar tabagismo e álcool.
Manter o peso corporal adequado.
Adotar alimentação rica em antioxidantes, como frutas vermelhas, oleaginosas e vegetais coloridos.
Suplementação direcionada, quando indicada (ex.: coenzima Q10, vitamina D, ácido fólico).
Essas medidas, associadas ao acompanhamento médico, favorecem o equilíbrio reprodutivo e preparam o organismo para a gestação.
A fertilização in vitro (FIV) é uma das principais alternativas para mulheres com baixa reserva ovariana. Com protocolos cuidadosamente planejados, conseguimos estimular os ovários a produzir o máximo de óvulos possível dentro de sua capacidade natural.
Nos casos em que a resposta é muito baixa, podemos utilizar estratégias como:
Dupla estimulação (DuoStim): realiza duas induções no mesmo ciclo para aproveitar melhor o potencial ovariano.
Congelamento de embriões: permite acumular embriões em diferentes ciclos para aumentar as chances de sucesso.
Transferência em ciclo posterior: garante o melhor preparo do endométrio e sincronização com o embrião.
Quando a reserva ovariana está extremamente reduzida, há também a opção da doação de óvulos, uma técnica segura, ética e cada vez mais procurada por mulheres acima dos 42 anos ou com falência ovariana precoce.
Sim. Se ainda houver ovulação, a gravidez natural é possível, mesmo com níveis baixos de AMH. Vejo isso com frequência: mulheres que chegam ao consultório desanimadas, mas acabam engravidando espontaneamente enquanto se preparam para iniciar um tratamento.
Isso acontece porque os exames mostram uma estimativa da reserva, mas não preveem exatamente o potencial reprodutivo individual. Por isso, sempre oriento que o diagnóstico seja interpretado com cautela e nunca isoladamente.
A grande vantagem da medicina reprodutiva moderna é a individualização do tratamento. Não existe um protocolo padrão: o que funciona para uma mulher pode não ser o ideal para outra.
Ao longo dos anos, desenvolvi uma abordagem personalizada para pacientes com baixa reserva ovariana, baseada em:
Avaliação minuciosa de exames e histórico clínico.
Definição de protocolos hormonais sob medida.
Monitoramento rigoroso da resposta ovariana.
Apoio emocional em todas as etapas.
Essa combinação de ciência, empatia e planejamento tem proporcionado resultados expressivos, mesmo em casos considerados difíceis.
Descobrir que se tem poucos óvulos pode gerar sentimentos de tristeza, urgência e frustração. É natural sentir medo diante de um diagnóstico que envolve o tempo e o desejo de ser mãe. Por isso, o suporte emocional é tão importante quanto o tratamento em si.
A reprodução humana é uma especialidade que exige escuta, empatia e realismo. Meu papel é oferecer não apenas protocolos de alta complexidade, mas também tranquilidade e confiança, para que cada paciente se sinta amparada em cada decisão.
Mesmo com baixa reserva ovariana, a gestação é possível e tenho inúmeros casos que comprovam isso. O segredo está em agir no tempo certo, com planejamento e acompanhamento especializado. A medicina reprodutiva evoluiu para acolher essas mulheres, oferecendo opções seguras e eficazes em diferentes estágios da vida fértil.
Sou ginecologista e especialista em Reprodução Humana, com atendimento presencial em São Paulo (SP) e também por telemedicina, para pacientes de outras cidades e do exterior. Fluente em inglês e espanhol, acompanho mulheres e casais que enfrentam dificuldades para engravidar, com base em evidências científicas, tecnologia avançada e um cuidado verdadeiramente humanizado.
Se você descobriu que tem poucos óvulos e quer entender suas reais possibilidades, agende uma consulta. Com um olhar técnico e acolhedor, podemos traçar o caminho mais seguro e eficaz para tornar o seu sonho de engravidar uma realidade.
IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.
DRA. PAULA VIEIRA
Dra. Paula Vieira é uma ginecologista especialista em fertilidade que valoriza confiança e informação. Sua abordagem leve e acolhedora transforma consultas em ambientes agradáveis.
CRM 129376-SP - RQE 69318
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