Postado por Dra. Paula Vieira
Passar por um ciclo de fertilização in vitro (FIV) envolve uma mistura intensa de esperança, expectativa e, muitas vezes, angústia. Quando o resultado é negativo, é natural que surjam sentimentos de frustração, tristeza e até mesmo confusão. Muitas pacientes se perguntam: “O que fiz de errado?”, “Por que não deu certo?”, “Será que um novo ciclo vale a pena?”. A verdade é que a falha na FIV é algo que pode acontecer, mesmo quando tudo parece ter sido feito corretamente. E, mais importante do que encontrar culpados, é olhar para frente com informação, acolhimento e estratégia.
Neste artigo, vou explicar as possíveis causas de uma FIV sem sucesso, o que pode ser feito após um resultado negativo e como transformar a dor da falha em um novo plano para conquistar o sonho da maternidade. Falo com a experiência de quem acompanha de perto cada etapa dessa jornada e compreende profundamente os aspectos físicos e emocionais que envolvem esse processo.
A fertilização in vitro é uma das técnicas mais avançadas da medicina reprodutiva. Mesmo assim, ela não garante 100% de sucesso. As taxas variam de acordo com diversos fatores, sendo a idade da mulher um dos principais. Mulheres com menos de 35 anos podem alcançar taxas de sucesso acima de 50%, mas esse número cai progressivamente após os 38 anos, especialmente se houver baixa reserva ovariana, endometriose, alterações genéticas ou outros fatores associados.
É importante compreender que uma FIV negativa não significa necessariamente que você não pode engravidar. A FIV é um caminho, e cada tentativa oferece aprendizados clínicos valiosos que podem aprimorar o próximo ciclo.
Existem muitas variáveis que interferem no sucesso de uma FIV. Uma delas é a qualidade dos óvulos e dos embriões. Mesmo quando a fertilização ocorre, o embrião precisa ter potencial genético para se implantar no útero e evoluir para uma gestação saudável.
Outro fator é o endométrio, que precisa estar receptivo para a implantação. Alterações hormonais, inflamações crônicas, alterações anatômicas do útero, trombofilias ou a chamada falha de implantação podem impedir o sucesso do procedimento.
Além disso, existem causas genéticas tanto do lado feminino quanto masculino, que podem passar despercebidas em uma avaliação inicial. Em alguns casos, mesmo com embriões de boa morfologia, a presença de alterações cromossômicas pode comprometer a implantação e o desenvolvimento embrionário.
Depois de uma falha na FIV, o primeiro passo é revisar cuidadosamente todo o histórico do ciclo. Isso inclui avaliar a resposta ovariana, o número e qualidade dos embriões formados, o preparo endometrial, a técnica utilizada no laboratório e o momento da transferência embrionária.
Em muitos casos, é necessário realizar uma investigação complementar, que pode incluir exames como histeroscopia (para investigar alterações no útero), biópsia endometrial (para analisar a janela de implantação), cariótipo do casal, exames para trombofilias, mutações genéticas, avaliação imunológica e o PGT-A, que é o teste genético pré-implantacional dos embriões.
Cada caso deve ser analisado individualmente, pois a reprodução humana é um campo altamente personalizado. Não existe um protocolo único que funcione para todas as pacientes, e por isso é essencial que você esteja sendo acompanhada por uma equipe que tenha experiência em falhas de implantação recorrentes e saiba como conduzir essa investigação de forma ética, precisa e sensível.
Essa é uma das perguntas que mais recebo no consultório. E a resposta nunca é generalizada. Para algumas pacientes, tentar novamente após pequenas adaptações no protocolo já traz um resultado diferente. Para outras, é necessário um tempo maior, com investigação mais detalhada e mudança de estratégia.
A idade, a reserva ovariana e o histórico clínico ajudam a traçar esse plano. Há casos em que optamos por mudar o protocolo de estimulação ovariana, ajustar o momento da transferência embrionária, congelar todos os embriões e preparar o endométrio com mais cautela. Em outros, optamos por utilizar embriões testados geneticamente ou mesmo considerar a ovodoação, quando a qualidade dos óvulos está comprometida.
O mais importante é entender que uma falha não deve ser vista como um ponto final. Ela deve ser encarada como parte do processo, desde que você esteja amparada por informações claras, suporte emocional e um plano bem estruturado.
A saúde emocional é um pilar fundamental durante o tratamento de reprodução assistida. A cada ciclo, renascem esperanças, mas também aumenta o desgaste psicológico. Uma falha pode gerar luto, medo, ansiedade, frustração com o corpo, conflitos no relacionamento e até mesmo o desejo de desistir.
Por isso, além do acompanhamento médico, sempre recomendo que minhas pacientes tenham apoio psicológico durante essa caminhada. Lidar com a infertilidade exige força, mas ninguém precisa passar por isso sozinha. Há muitas formas de acolher a dor, transformar a narrativa e seguir em frente com mais leveza e clareza.
A culpa, muitas vezes, aparece como uma sombra injusta nesse momento. Mas é essencial entender que a falha na FIV não é culpa de ninguém. Ela é o resultado de inúmeras variáveis, muitas fora do nosso controle. E com orientação adequada, é possível ajustar os caminhos e continuar tentando com segurança e esperança.
Após a investigação das causas da falha, é comum ajustarmos diferentes pontos. Pode-se otimizar a estimulação ovariana com uso de medicações mais específicas, melhorar o preparo endometrial com apoio hormonal e anti-inflamatório, testar os embriões antes da transferência e avaliar o melhor momento da implantação com estudos como o ERA (Endometrial Receptivity Analysis).
Além disso, revisar o estilo de vida é sempre recomendado. Alimentação equilibrada, controle do estresse, sono de qualidade, atividade física e redução de álcool e cigarro têm impacto direto na fertilidade.
Muitas pacientes que engravidaram após falhas anteriores relatam que esse tempo de pausa, investigação e adaptação foi crucial para que o resultado positivo acontecesse. É por isso que cada tentativa precisa ser acompanhada com olhar técnico e humano ao mesmo tempo.
A reprodução assistida é uma área em constante evolução. Novas técnicas, exames genéticos e abordagens clínicas surgem todos os anos, ampliando as possibilidades e o entendimento sobre falhas reprodutivas.
Por isso, se você passou por uma ou mais falhas na FIV, recomendo fortemente que procure um médico com experiência em casos mais complexos. A falha de implantação recorrente, por exemplo, é uma área de atuação que exige atualização constante, sensibilidade e escuta atenta.
Como especialista em reprodução humana, acompanho mulheres e casais que já tentaram de tudo e que se sentem esgotados emocionalmente. E posso garantir: há sempre algo a ser feito. O segredo está em entender a fundo cada história, traçar um plano individualizado e cuidar de forma integral — da saúde reprodutiva, mas também do coração.
Se você passou por uma falha na FIV e não sabe o que fazer agora, saiba que você não está sozinha. Agende uma consulta comigo para que possamos analisar juntos seu histórico, entender o que pode ter acontecido e construir uma nova estratégia com base na ciência e no acolhimento.
A fertilidade pode ser um caminho difícil, mas é possível trilhá-lo com clareza, respeito e esperança. Como médica especialista em reprodução humana, estou aqui para cuidar de você com responsabilidade, sensibilidade e muita dedicação. Vamos juntas transformar esse momento em uma nova chance.
IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.
DRA. PAULA VIEIRA
Dra. Paula Vieira é uma ginecologista especialista em fertilidade que valoriza confiança e informação. Sua abordagem leve e acolhedora transforma consultas em ambientes agradáveis.
CRM 129376-SP - RQE 69318
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